domingo, 11 de novembro de 2012

Moça Maria


"Daqui a vida me parecia mais sóbria
Por vezes sombria
Outrora já se estava vazia
Calada
Chorando jazia
Pelos espinhos que a feria
E ela nunca aprendia
Que colher flor com espinho não podia
Pobre coitada
Das próprias tolices morreria
Parecei-vos até ironia
Que dos sonhos da moça Maria
Pudesse advir tamanha agonia
Frágil
Sabia já que não suportaria
Mas devo dizer-lhes surpresa
Jamais esperaria
Que pelas próprias mãos desfaleceria
E dessa vida partiria
Antes mesmo do termino desta poesia."

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dançar



"Eu estou dançando no meio do salão num imenso breu, esta frio mas eu estou com calor. Me conduzo pelo espaço inabitável e conduzo minhas mãos por meu corpo acalentando-o, eu giro, e giro, eu sorriu, gargalho, eu choro e caiu, me levanto e rastejo. Não, eu não procuro ninguém, eu estou ali sozinha porque é assim que as coisas devem ser e eu sei disso, não poderia contestar o que esta tão claro ainda que na escuridão, eu vejo através dos meus pés que se arrastam num movimento continuo de desespero. Eu não tenho medo do escuro, mas nele sim, eu tenho medo de mim, eu tenho medo da miséria em que não quero me afundar, por favor, só me deixe continuar a dançar, pois dançando ao alto som eu não ouço meus pensamentos e não há mais nada que eu possa fazer."

domingo, 21 de outubro de 2012

Desvairada



"E desde então viu-se num drama, dos que despontam no gênero dramalhão. Foi de repente, amanheceu e tudo estava um breu, o que houve com a luz? Num determinado momento parou de questionar. Paralelo aos contos de fada acolá está, a chuva cai dentro da casa e fora continua sereno, como serenata em noite de luar. Maldito cinema matinê que faz acreditar em comédia romântica clichê, contudo, venho contar-lhes uma tragicomédia, daquela que de tão trágica não poderia deixar de ser cômica, e quem não se deleita com boa risada? Nem que seja a custa da desgraça alheia. "Rir é o melhor remédio" e de tanto medicar-se fez-se louca. Ah! Quisera eu saber o fim, loucura não tem fim e se a morte guarda a eternidade, quem sou eu para saber da verdade, da moral dessa tragicomédia interpretada pelo exagero de uma desvairada que mente sobre felicidade?"

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cuidado coração



"Ah! coração
Por que andas tão vulnerável?
Sentir-se assim não é saudável
Tem cuidado com a paixão

Não permita-te vencer
Pelo olhar de um garoto
Nem se atreva a se vender
Por um sorriso maroto

Seis receoso
Ao ouvi-lo falar
Lembra-se logo do tinhoso
E tenta não tremelicar

Cá entre nós
Menino é bicho travesso
Vira a vida do avesso
Bem melhor ficares sós"

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Aquele que me esqueceu



Às vezes acho eu
Acho-me esquecida
Por Deus
Aquele que me esqueceu

E eu
Que sempre estive perdida
Nasci mal nascida
Num corpo que não é meu

E cria
Porem não soube crer
Pago pela teimosia
De ao pecado ceder

Pecado esse sem fim
Sou eu em pura essência
Destituída de indulgência
Pecado cor carmim

E rogo clemência
Aquele que me esqueceu
Egoisticamente; eu
Declaro inocência.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Nascer



Nasce flor
Nasce e segue teu caminho
Aprende a andar sozinho
Pois agora és autor

Esse é apenas o arcabouço
Da vida que há de vir
E um dia serás moço
Com sonhos pra nutrir

Cresce
Não apenas em idade
Amadurece
Compõe tua verdade

Pondera a intensidade
E sente tudo que há para se sentir
Dor, amor, felicidade
Imprevisível é o partir

Escreve tua história como parte da eternidade.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mar taciturno


"Há um mar taciturno onde ondas ríspidas trazem lamúrias que permeiam a areia feito conchas rijas e acabo por acolher no bolso aquelas que a insegurança ouve e não consegue ignorar. Dentre medos imaturos e vulgares sou levada pela maré do desespero e despejada na ilha perdida da minha solidão, sem tentar me achar, sou prisioneira da infelicidade do meu coração."

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ousadia de criança


"Hoje parei para pensar na infância, na ousadia de ser criança e se permitir sonhar, na capacidade de reinventar uma realidade para si ignorando a vulgo real. A imaginação lúdica me proporcionara tantas emoções, desde medo de monstros, a príncipe encantado e histórias de dragões. Fui princesa e sereia, fui adulta e mãe, fui marinheira e guerreira. Tive casa no arco-íris e morei em Paris, viajei de foguete até a lua e tentei me teletransportar mexendo a ponta do nariz. Tive asas de fada e varinha de bruxa, acreditei em papai Noel, fiz um pedido as estrelas cadentes do céu. Pintei arte melhor que Picasso, ri dos desenhos mais bobos e chorei dos mais clichês, dancei balé e fiquei na ponta do pé. Escrevi cartas e recebi cartas, tive um primeiro amor que me fez descobrir que há borboletas no meu estomago, escrevi cartas para ele e sobre ele também. Então eu percebi o quanto um dia fui feliz, sem precisar ter nada, apenas sonhando da maneira que quis."

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Fechadura



"Pelo buraco da fechadura
Encontra-se a loucura
O nu
A travessura
O gosto doce do pecado
A lascívia do depravado
Lágrimas aglomeradas
Tremores
Mentes desatinadas
O que não se manifesta a sociedade
Mostrar-se-á no intimo da privacidade."

terça-feira, 10 de abril de 2012

Sem saber


"Grafo letras sem saber
E na alvorada confusa
Sou levada pelo desconhecido
Num constante curioso
De certezas incertas
E costumes duvidosos
Desvairei por minhas teorias
Vi-me nua
Todo meu conhecer
Despiu-me feito papel
Sem valor que se possa conceder 
Porquanto mais sei que não sei
Talvez nunca saberei."

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Amor isolado



"Tive um amor
Amor daqueles isolado
Que dói feito espinho afilado
O corpo inteiro faz tremelicar
Como ventania
Faz a pelugem arrepiar
E as borboletas do estomago
Num rebuliço descontrolar
Mas como amor não é caminho
Que se segue sozinho
Coitadinho do meu coração
Que afligido teve de aprender
A lidar com a desilusão."

quarta-feira, 14 de março de 2012

Despir-se



"Despir-se de si para em si encontrar-se
E deixar correr livre a idiossincrasia alheia
Para perceber o ser humano
Que nasce do ventre e cresce da cultura.
Desfrutar do livre arbítrio e desdogmatizar
Conhecer implica em abrir mão da verdade
Pois viver é duvidar."

quinta-feira, 8 de março de 2012

Anna.



“Anna, cadê tua casa?
Onde estão teus pais?
E o teu amor?
Ainda o espera?
Mas sabes que ele não vem!?
Anna, cadê teu sexo?
Por que teus pensamentos andam contramão?
Onde estais a ir?
Sabes que não tem lugar!?
Não Anna, não aqui, não hoje
Acostuma-te, pois essa solidão
É tua fiel e talvez única escudeira.”

quinta-feira, 1 de março de 2012

Metamorfose



“Desde a sementinha de pavor ao âmago da angustia, que nada passe desapercebido. Que todo ódio guardado, toda decepção preservada, que tudo transforme-se. Que a metamorfose progrida da alma ao ser mortal e faça dos males florescer amor. E uma nova gênese se criara do amor e dele a eclosão do existir.” 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Abraço teu



"Tenho um querer intenso
De tocar-te quando em ti penso
E sentir-me envolvida por teu abraço
Como unicamente uno pedaço
Ver o mundo detrás do teu ombro
Protegida de qualquer assombro
Deliciar-me com minuciosa carícia
Desejo desmedido sem malicia
E na tua boca busco piedade
Devastada por tua virilidade
E os demais podem a eu julgar
Se for ao teu peito meu descansar"

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Meu escuro



“No escuro ser-me-ei incólume ao julgamento da face
E eu danço quando não há luz, porquanto sinto e posso ser
Escondo-me nesse breu para sozinha sossegar
Deito-me nas sombras quando esconde-se o sol.
E nesse calar tenebroso choro minhas agruras e venho a acalmar.”

Farto



Sim, perjuro meu sentimento
Por penoso intento
Em tentativa vão
De acalentar meu coração
Assolado de dor
Castigado sonhador
Farto de apaixonar-se
Porém, como isentar-se?
Pesada é a cruz
Que em meu cansaço se traduz.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Apenas sonho


“O que tenho eu além dos sonhos?
Sonho para fugir do desalento
Enganando minha realidade
Para não sucumbir ao vento

Costume meu de infância
É achar graça nas nuvens do céu
Tentando esquecer-me da vida
Entrego os pensamentos ao léu

Os dias andam por vezes mais morosos
Porém, o ontem passou rápido demais
E só lembro-me de estar sonhando
Um sonho manente com o mesmo rapaz.”

domingo, 22 de janeiro de 2012

Neuras


A ignorância obriga-me a limitação, como minha falta de argumentos para minhas tolices, nada de bipolar, nada de ilógicas ou insensatas, talvez eu apenas esteja esquecendo de dar coerência aos meus sentimentos, uma ação tão imatura de alguém que julga-se maduro.  O que falta? Sim, porque sempre falta alguma palavra, e essas paginas em branco me transmitem profunda aflição, uma enfurecida inquietação, pois nada mais sei de mim, nada que seja suficiente para descrever sentimentos tão complexos e tolos. Talvez eu apenas esteja dando importância demais a minhas neuras, meus conflitos pessoais que devoram meus pensamentos, tornando cada segundo um dilema insuportável. Ouso dizer que nada tenho para amanhã, mas meus infelizes planos são maiores que um pobre pensador como eu pode merecer. Não me é compreensível, minha falta de experiência não coincide com os atordoados conselhos ditos ‘sábios’ de minha parte. Como ainda posso acreditar em mim? Não consigo nem mesmo me atribuir mérito por boas ações, pois talvez nada passe de tentativas insensatas de fugir do inferno, que nem ao menos sei se acredito. Mesmo que eu cause boa impressão, essa é sempre só a primeira, porque a decepção é inevitável depois que são expostos meus defeitos. Nada de ansiedade, não espere um grande filósofo, nem um comediante nato, pois nada mais sou que um chato disfarçado de estrela, estrela que nem brilhar brilha, as luzes do meu palco nem foram acessas, então, apenas meça suas palavras ao me desprezar, minha auto-crítica já é piamente cruel. No fim você entende que não há nada para entender, não há coisa com coisa, nem uma moral para essas poucas palavras embaralhadas na minha cabeça. 

Gostaria de iniciar minhas postagens com uma frase em francês que muito me identifico.

"Je ne suis pas une fille, je ne suis pas un garçon. Je suis l'absence de définition."