Todos os momentos ao seu lado parecem especiais, mesmo os
mais tímidos, calados. Nos tornamos dois corpos distantes e mudos, como se
alguém tivesse colocado a cena no multe, porém, ele exala um cheiro, um cheiro
dele que é só dele e eu fico ali sem dizer nada, sem nem sentir falta das
palavras porque, no momento, estou inebriada, tentando disfarçar o meu contento
com seu odor. Logo mais sou obrigada a quebrar o silêncio, não quero que ele
pense que não temos assunto, talvez nem tenhamos tanto, ele passa a maior parte
do tempo implicando com tudo que eu digo, mas é bom, porque as vezes ele sorri
e ah! Como eu amo seu sorriso, mesmo quando malicioso, tem uma brandura de
criança e, de repente, o mundo parece melhor, o mundo é melhor quando ele
sorri. Eu sei, eu sei! Estou fantasiando de novo, sempre me deixo levar quando
ele me olha nos olhos. Tem algo nos seus olhos castanho que me prendem e ele
sabe como me manter presa, mas logo ele abaixa o olhar, talvez não saiba
lidar. Poderia culpa-lo? Não, essas coisas não exigem culpados, nem vítimas.
Somos prisioneiros da conveniência. Minhas pupilas estão dilatadas, minha
respiração ofegante, meu cigarro não me deixa esconder o nervosismo e ele vê,
ele sabe que sou sua. Mas talvez eu não seja o suficiente.