segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Menino vulgar


Um menino vulgar
Que me levara
DescabidaMente
A suspirar
Num enternecer instantâneo
Do meu coração
DesordenadaMente
Me deixara
Restos de ilusão
E pensara ser o sorriso
Outrora tive certeza
Que fora o olhar
Mas seu cheiro me veio
Desatinar
ImperceptivelMente
Fizera me enamorar
Desarmada contra aquele
Aquele menino vulgar
Feito menino malino
Mas era homem
De instintos
E desejo felino
LamentavelMente
Padecera eu
Num eterno prantear
Tenha dó coração meu
É apenas um menino vulgar.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Reflexão



Quando eu tento pensar num princípio para esse sentimento a confusão toma conta das minhas noites e tudo começa a ficar mais vazio, mais úmido e cabisbaixo. Se atento-me pela lógica, tiro lições das quais eu sempre soube, tenho em mim a sina da solidão e aceito-a há tempos, fora isso, nada mais sei que poderia aprender. 
Talvez seja um equívoco dizer, porém, eu o amo. Contudo, percebo que o mesmo sentimento não o atinge e se acaso, em algum momento, este veio a beirá-lo, certeza tenho de que ele o vetou de toda as formas possíveis, afinal, é compreensivo, não? O que faria alguém como ele vir a sentir algo por alguém como eu? Sou sinônimo de problemas, além disso, inútil a seus olhos. Tento reeducar meus sentimentos em prol apenas da sua felicidade, ele merece alguém especial, alguém que o faça sorrir aquele sorriso tão lindo e brando, alguém que cuide dos seus desleixos e nunca o deixe sentir-se só. Ele merece felicidade e se esse é o máximo que posso desejar-lhe, o farei sem desejar ele em si.
Meu maior problema, no entanto, é a saudade, dos sentimentos um dos mais infames, fazendo com que eu me traia repetidas vezes e vá a sua procura, mesmo sabendo que na maioria das vezes eu só o incomodo. Então me sinto perdida, sou tão fraca que não consigo lutar contra meus próprios impulsos inconvenientes que sempre me levam a chama-lo. Mesmo depois das inúmeras indiretas, como posso? Tamanha é minha sem-vergonhice com meus chamegos. Ridícula! eu sei. Só não sei como frear-me.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Ele



Todos os momentos ao seu lado parecem especiais, mesmo os mais tímidos, calados. Nos tornamos dois corpos distantes e mudos, como se alguém tivesse colocado a cena no multe, porém, ele exala um cheiro, um cheiro dele que é só dele e eu fico ali sem dizer nada, sem nem sentir falta das palavras porque, no momento, estou inebriada, tentando disfarçar o meu contento com seu odor. Logo mais sou obrigada a quebrar o silêncio, não quero que ele pense que não temos assunto, talvez nem tenhamos tanto, ele passa a maior parte do tempo implicando com tudo que eu digo, mas é bom, porque as vezes ele sorri e ah! Como eu amo seu sorriso, mesmo quando malicioso, tem uma brandura de criança e, de repente, o mundo parece melhor, o mundo é melhor quando ele sorri. Eu sei, eu sei! Estou fantasiando de novo, sempre me deixo levar quando ele me olha nos olhos. Tem algo nos seus olhos castanho que me prendem e ele sabe como me manter presa, mas logo ele abaixa o olhar, talvez não saiba lidar. Poderia culpa-lo? Não, essas coisas não exigem culpados, nem vítimas. Somos prisioneiros da conveniência. Minhas pupilas estão dilatadas, minha respiração ofegante, meu cigarro não me deixa esconder o nervosismo e ele vê, ele sabe que sou sua. Mas talvez eu não seja o suficiente.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Passagens avulsas



Então eu o vi descendo a calçada e meu coração enterneceu no mesmo instante em que meu olhar o fitou. Eu estava ansiosa para vê-lo, não sei exatamente dizer se o dia estava frio ou se era eu que congelava de nervosismo por dentro. Foi, então, que ele chegou, sorriu e eu senti tacarem uma pedra no enxame de borboletas que habita meu estomago. Dali pra frente eu soube o que de mim mesma tentava esconder, agora estava tarde demais.


Rapidamente o carro parou ao seu lado e quando ela se virou o sol refletiu em seu rosto exaltando toda a beleza que seus olhos ligeiramente claros possuíam. As lágrimas emergiram numa rapidez e eu tive de ser mais rápida para não as deixar escorrer, tive de fingir um sorriso dos mais difíceis e, então, eu soube ali que jamais poderia competir com ela. A maior tolice foi permitir-me a mais ínfima esperança, a realidade caiu sobre mim e destroçou em pó qualquer borboleta que ainda estivesse a bater asas. E tudo tornou-se vazio, apenas alguns poucos cacos restaram a sacolejar dentro do peito.

De repente me vi absolvida por todo aquele drama, mais uma cena teatral, mais um espetáculo cuja a tola atriz, péssima atriz, diga-se de passagem, tem de aprender a lidar com as tragédias inevitáveis. Nada de novo, um roteiro clichê, uma personagem medíocre, a única diferença é a intensidade, cada vez maior, mais forte. 

Eu sabia que não deveria ter ficado ali sentada, ali deitada, ali na porta. Foi pressentido, tive tempo de fechar os olhos, se eu pensar bem, talvez eu ache as brechas por onde poderia ter passado e evitado, sim, pois se foi previsto, talvez, pudesse ter sido evitado. Mas e agora? O ontem já esvaiu entre os dedos, a lembrança é a única forma, incerta, de dizer que ele existiu. Agora não dá pra correr, não posso fechar os olhos, pois o mundo ainda estará por trais das minha pálpebras. Agora é lidar, como sempre o fiz, como sempre o farei, até que este torne-se meu verbo passado onde hei de padecer.